Conheça o IPGF: novo índice de inflação criado pela FGV

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A Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) surpreendeu o cenário econômico brasileiro ao lançar este ano o Índice de Preços dos Gastos Familiares (IPGF), um novo indicador destinado a medir a variação de preços no país. Embora seus primeiros dados já estejam em circulação, a expectativa é que o IPGF seja oficialmente incluído no calendário de divulgações da Fundação a partir de 2024, prometendo uma abordagem inovadora para entender a dinâmica inflacionária.

De acordo com Matheus Peçanha, economista e técnico de Pesquisa e Análise Macroeconômica da FGV, a singularidade do IPGF reside na utilização da estrutura de pesos do Sistema de Contas Nacionais (SCN) para construir sua cesta de índices. Essa abordagem permite ao IPGF capturar nuances importantes relacionadas aos gastos familiares.

 

O SCN, que compila dados mensais sobre a geração, distribuição e uso da renda no país, serve como base para determinar os pesos e as atualizações mensais, os quais são convertidos à frequência mensal com base no Monitor do PIB, também desenvolvido pela FGV Ibre.

Essa metodologia permite que o IPGF avalie não apenas a variação de preços, mas também o comportamento do consumo das famílias diante das oscilações inflacionárias. Ele ilustra esse ponto com o exemplo da gasolina, cujo preço pode aumentar em um mês, mas o consumo familiar pode diminuir devido às alternativas adotadas, como optar pelo etanol ou utilizar o transporte público.

Contudo, foi observado que o IPGF possui limitações, pois não consegue analisar o consumo em nível estadual ou por faixas de renda. Essa falta de detalhamento, no entanto, é compensada pela capacidade do índice em oferecer uma visão mais refinada do comportamento das famílias diante das mudanças nos preços.

 

Em comparação com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o IPGF apresentou uma deflação de 0,08% em setembro. Entretanto, ao observar o acumulado do ano e dos últimos 12 meses, registrou altas de 2,22% e 3,63%, respectivamente. Esses números, divulgados recentemente pela FGV Ibre, indicam uma variação de preços mais moderada se comparada ao IPCA, considerado a inflação oficial do país.

No mesmo mês, o IPCA subiu 0,26% em relação ao mês anterior, acumulando uma inflação de 3,50% no ano e 5,19% nos últimos 12 meses. Esse resultado do IPGF foi influenciado pelo chamado “efeito substituição”, revelando uma nova camada de compreensão sobre os padrões de consumo e suas respostas à dinâmica econômica.

 

O IPGF, ao oferecer uma perspectiva mais refinada sobre a variação de preços, surge como uma ferramenta valiosa para entender não apenas a inflação, mas também as escolhas e adaptações das famílias brasileiras diante das oscilações econômicas. Com seu ingresso iminente no calendário oficial da FGV, o IPGF promete ser uma adição esclarecedora ao cenário econômico nacional.

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